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viernes, 18 de noviembre de 2011

AMOR INMORTAL MUERE DE TARDE


De tarde, ao dobrar uma esquina, aquele encontrão. Mercedes Pires nem reparou nele, que foi sua grande paixão. Aniceto de Castro, o Castrão das Rendas Aduaneiras, também em Mercedes não reparou. Esteve na curva de 1922, a pique de meter uma bala no casco pela beleza em flor de Mercedes. E Mercedes, pelo bem-querer de Castro, quase abriu os pulsos com uma faca de cortar mortadela. Do talho aos jornais era pulo de periquito. E até imaginou o berro das manchetes: "Linda moça de Cordovil morre por um amor impossível." Mas entre o tiro que não houve e a faca que não cortou, a folhinha da parede desfolhou quarenta bem passados anos. E de repente, na dobra de uma esquina, aquele esbarrão. Castro nem reparou em Mercedes. Falou para dentro, para o ouvido de seu suspensório:
_Uma ilha desta tonelagem devia andar no meio da rua, com placa de caminhão nas costas. É páreo para ônibus e não para gente de calça e botina.
Mercedes também não reparou em Castro. Falou sozinha:
_Cada tipo esquisito! Parece, de tão gordo, que está esperando criança. Se tivesse espelho em casa, devia reparar que aquela cara de engomador elétrico não pode usar óculos, nem costeleta. É cara para tomada de parede.
E assim um passou pelo outro. Perdidos na distância de quarenta anos.

                                      
AMOR  INMORTAL MUERE DE TARDE
De tarde, al  doblar una esquina, aquel encontronazo. Mercede Pires ni reparo en el, que fué su gran pasión. Aniceto de Castro, el Castrão de Rentas Aduaneras, tampoco reparó en Mercedes. Estuvo a finales de 1922, a punto de meterse una bala en la cabeza por la belleza en flor de Mercedes.  Y  Mercedes, por el amor de Castro, casi se abrió las venas con un cuchillo de cortar mortadela. De los cortes a noticia en los diarios, era un salto de periquito. Y hasta imaginó los gritos de los titulares “Hermosa joven de Cordovil muere por un amor imposible”. Pero entre un tiro que no hubo y un cuchillo que no cortó, las hojas del calendario, se deshojaron por cuarenta bien pasados años. Y de repente, a la vuelta de la esquina, aquél encuentro. Castro ni reparó en Mercedes. Habló para dentro,  a los oídos de sus tiradores:
_Una isla de esta tonelada debería  andar por el medio de la calle, con patente de camión en la espalda. Este sendero es para ómnibus y no para gente de pantalones y botas.
Mercedes tampoco reparó en Castro. Habló solita:
_Cada tipo desagradable!. Parece, de tan gordo, que está embarazado. Si tuviese espejo en su casa, debía reparar que aquella cara de de plancha no puede usar anteojos ni barba. Es cara  para enchufe en la pared.

Y así pasó uno al lado del otro. Perdidos en la distancia de cuarenta años.
                                                                                José Candido de Carvalho


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